Modelo circular e internet podem ser solução para crise mundial pós-pandemia

Análise de big data, computação em nuvem e Internet das Coisas podem colocar fim ao desperdício e à existência de resíduos

Uma análise realizada por pesquisadores da Universidade de Warwick concluiu que a adoção de estratégias de economia circular seria a melhor maneira do mundo se recuperar da crise econômica global. Aliado à análise de big data, computação em nuvem e Internet das Coisas, esse modelo poderia revolucionar a sociedade e colocar fim ao desperdício e à existência de resíduos. 

Impactos econômicos

Segundo os pesquisadores do estudo “Uma análise crítica dos impactos da Covid-19 na economia global e nos ecossistemas e oportunidades para estratégias de economia circular”, publicado na revista Resources, Conservation and Recycling, a pandemia teve muitos efeitos na vida de todos, desde não sair de casa, ser infectado, hospitalizado, até perder um ente querido ou o emprego. 

Economicamente, o estudo aponta que houve impactos financeiros em níveis macro e microeconômico, incluindo as cadeias de abastecimento globais, o comércio internacional, o turismo, a aviação e o setor têxtil. No entanto, a pesquisa também concluiu que a pandemia provocou algumas mudanças com influências positivas na saúde humana e no planeta. No Reino Unido, por exemplo, mais vidas foram salvas pela redução dos poluentes atmosféricos em comparação com o número de pessoas que morreram com Covid-19 na China. 

A redução do ruído ambiental e do congestionamento de carros levou a um aumento no número de pessoas que se exercitam e aproveitam os espaços ao ar livre. E a diminuição do turismo resultou em menor pressão ambiental nas áreas costeiras. Além disso, o declínio no uso global de energia primária fez a demanda por carvão cair 8%, enquanto o uso de petróleo caiu 60% e a eletricidade 20%, em comparação com o primeiro trimestre de 2019, levando a uma redução recorde das emissões globais de CO₂.

Economia circular como solução para a crise

Um dos pesquisadores do estudo, Dr. Taofeeq Ibn-Mohammed, destacou que, apesar de alguns resultados positivos no contexto da pandemia, o modelo atual de extração e descarte de resíduos no ambiente não é sustentável a longo prazo, pois não reflete melhorias globais nas estruturas econômicas. 

Para o autor, a economia circular precisa ser implementada em todos os setores, com estratégias diferentes para cada um. Além disso, Ibn-Mohammed aponta que é preciso aproveitar o potencial tecnológico dentro da cadeia de suprimentos, aproveitando a análise de big data para agilizar os processos de seleção de fornecedores; a computação em nuvem para facilitar e gerenciar o relacionamento com fornecedores e a Internet das Coisas para aprimorar os processos de logística e remessa.

O autor afirma que são necessários investimentos pós-pandemia para viabilizar economias resilientes, de baixo carbono e circulares, uma vez que o modelo econômico linear dominante é deficiente. Em uma economia circular, não haveria resíduo ou poluição. Em vez disso, todos os subprodutos seriam reutilizados ou reaproveitados, ajudando a acabar com a superexploração dos recursos finitos e os danos ao meio ambiente e à saúde das pessoas.

Para tornar esse processo lucrativo, os fabricantes de itens complexos, como veículos, por exemplo, precisarão usar sistemas de dados avançados baseados na internet, capazes de rastrear componentes e produtos ao longo de seus ciclos de vida, desde a origem até o uso final.  

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