Retalhar encerra ano com narrativas de sucesso socioambiental

Atores econômicos importantes contaram com os serviços da empresa B para iniciar a logística reversa de seus resíduos gerando impacto social positivo

Há sete anos solucionando problemas ambientais com valor compartilhado, a Retalhar encerra 2020 com narrativas de sucesso socioambiental. 

Ao todo, foram 20 toneladas de uniformes profissionais reciclados, que, em vez de serem destinados a aterros sanitários e gerarem gases do efeito estufa, retornaram para a cadeia de produção como matéria-prima valiosa. Atores econômicos importantes como o iFood, Palmeiras e Puma contaram com os serviços da empresa B para iniciar a logística reversa de seus resíduos gerando impacto social positivo.

Os resultados mostram que, apesar do ano desafiador, é possível fazer a diferença por um mundo mais circular e com histórias de impacto, como a de cooperativas de costureiras beneficiadas e da população em situação de rua que foi acolhida por parcerias com empresas, ONGs e sociedade civil.  

Atores importantes do mercado estão aderindo à logística reversa 

Por meio da reciclagem de resíduos de grandes geradores, a empresa B realizou a logística reversa para atores importantes do mercado. Este ano, o iFood foi um deles. A empresa líder latino-americana do setor de entrega de comidas decidiu dar um passo além e reaproveitar mochilas de delivery após o fim de sua vida útil. 

A iniciativa evitou que mais de 20 mil mochilas fossem descartadas incorretamente ou enviadas para aterros sanitários, gerando segunda vida para os resíduos têxteis e renda compartilhada para cooperativas de costureiras. Ao canal do iFood, as costureiras Maria Rosalina e Herculânia Maria relataram como se sentem felizes em trabalhar em prol da sustentabilidade obtendo renda para si próprias com a possibilidade de conciliar a atividade com os deveres familiares. 

Outros atores importantes que colocaram a logística reversa em prática em 2020 foram o Palmeiras e a Puma. Em parceria com a Retalhar, o clube esportivo e a empresa de design atlético entregaram 2 mil cobertores para instituições filantrópicas e pessoas em situação de vulnerabilidade social reutilizando uma tonelada de uniformes.

Menos poluição, mais histórias de impacto

Além de reduzir os impactos ambientais da demanda por aterros e da emissão de gases do efeito estufa, a iniciativa gerou histórias impactantes e acolhimento para pessoas como o camelô Fabiano e seu filho pequeno, que vivem em uma ocupação e foram beneficiados pela ação do time de futebol e da empresa alemã de equipamentos desportivos. 

O Makro, Bradesco, Leroy Merlin Brasil, C&A, Heineken, Nubank

e Ajinomoto também são exemplos da longa lista de empresas que já contaram com os serviços da Retalhar para dar um passo em direção à economia circular. 

Para o CEO da Retalhar, Jonas Lessa, a tendência é que iniciativas semelhantes sejam cada vez mais estimuladas e validadas por grandes empresas, já que, segundo ele:

“No mundo corporativo, muito se fala sobre a importância do colaborador ‘vestir a camisa’ e incorporar os valores da marca, mas ao menor sinal de desgaste, esta camisa é queimada, findando muitas oportunidades sociais e gerando poluição ambiental imediata. A sociedade, que consome e assim sustenta as grandes marcas, não aceitará mais a incoerência entre discurso e prática. É necessário que as empresas vistam a camisa do valor compartilhado.”

Modelo circular e internet podem ser solução para crise mundial pós-pandemia

Análise de big data, computação em nuvem e Internet das Coisas podem colocar fim ao desperdício e à existência de resíduos

Uma análise realizada por pesquisadores da Universidade de Warwick concluiu que a adoção de estratégias de economia circular seria a melhor maneira do mundo se recuperar da crise econômica global. Aliado à análise de big data, computação em nuvem e Internet das Coisas, esse modelo poderia revolucionar a sociedade e colocar fim ao desperdício e à existência de resíduos. 

Impactos econômicos

Segundo os pesquisadores do estudo “Uma análise crítica dos impactos da Covid-19 na economia global e nos ecossistemas e oportunidades para estratégias de economia circular”, publicado na revista Resources, Conservation and Recycling, a pandemia teve muitos efeitos na vida de todos, desde não sair de casa, ser infectado, hospitalizado, até perder um ente querido ou o emprego. 

Economicamente, o estudo aponta que houve impactos financeiros em níveis macro e microeconômico, incluindo as cadeias de abastecimento globais, o comércio internacional, o turismo, a aviação e o setor têxtil. No entanto, a pesquisa também concluiu que a pandemia provocou algumas mudanças com influências positivas na saúde humana e no planeta. No Reino Unido, por exemplo, mais vidas foram salvas pela redução dos poluentes atmosféricos em comparação com o número de pessoas que morreram com Covid-19 na China. 

A redução do ruído ambiental e do congestionamento de carros levou a um aumento no número de pessoas que se exercitam e aproveitam os espaços ao ar livre. E a diminuição do turismo resultou em menor pressão ambiental nas áreas costeiras. Além disso, o declínio no uso global de energia primária fez a demanda por carvão cair 8%, enquanto o uso de petróleo caiu 60% e a eletricidade 20%, em comparação com o primeiro trimestre de 2019, levando a uma redução recorde das emissões globais de CO₂.

Economia circular como solução para a crise

Um dos pesquisadores do estudo, Dr. Taofeeq Ibn-Mohammed, destacou que, apesar de alguns resultados positivos no contexto da pandemia, o modelo atual de extração e descarte de resíduos no ambiente não é sustentável a longo prazo, pois não reflete melhorias globais nas estruturas econômicas. 

Para o autor, a economia circular precisa ser implementada em todos os setores, com estratégias diferentes para cada um. Além disso, Ibn-Mohammed aponta que é preciso aproveitar o potencial tecnológico dentro da cadeia de suprimentos, aproveitando a análise de big data para agilizar os processos de seleção de fornecedores; a computação em nuvem para facilitar e gerenciar o relacionamento com fornecedores e a Internet das Coisas para aprimorar os processos de logística e remessa.

O autor afirma que são necessários investimentos pós-pandemia para viabilizar economias resilientes, de baixo carbono e circulares, uma vez que o modelo econômico linear dominante é deficiente. Em uma economia circular, não haveria resíduo ou poluição. Em vez disso, todos os subprodutos seriam reutilizados ou reaproveitados, ajudando a acabar com a superexploração dos recursos finitos e os danos ao meio ambiente e à saúde das pessoas.

Para tornar esse processo lucrativo, os fabricantes de itens complexos, como veículos, por exemplo, precisarão usar sistemas de dados avançados baseados na internet, capazes de rastrear componentes e produtos ao longo de seus ciclos de vida, desde a origem até o uso final.  

Reciclagem de poliéster é oportunidade econômica para empresas e catadores

Resíduos têxteis podem voltar para cadeia de produção nas indústrias automobilística e imobiliária e gerar renda compartilhada

A reciclagem do poliéster é controversa, já que o uso desse material gera microplásticos, principalmente durante a lavagem de roupas. Entretanto, há uma oportunidade no mercado que não depende da indústria da moda e que pode reduzir os impactos da produção do material e a geração de microplástico: a absorção do poliéster reciclado pelos setores imobiliário e automobilístico. Além disso, reintroduzir o material na cadeia de produção poderia gerar renda compartilhada, lucro e arrecadação para o setor público.

Material controverso  

Poliéster é uma categoria ampla de polímeros, mas o termo normalmente se refere ao politereftalato de etileno, ou PET. Esse material dá origem a uma diversidade de produtos, que vão de garrafas de plástico a vestimentas. 

Com baixo custo, alta durabilidade e resistência a produtos químicos, radiação e pressão, o poliéster representa 52% das fibras têxteis do mundo, e faz parte da composição de tintas, pneus, isolantes, instrumentos, entre outros artigos. 

Por outro lado, também há desvantagens. É um material de origem não renovável e, em sua produção, há impactos socioambientais da instalação de usinas petrolíferas, além de gasto de energia e emissão de compostos orgânicos voláteis (VOCs) e efluentes. Já no consumo e pós-consumo, são gerados micro e nanoplásticos, principalmente durante a lavagem das roupas, que é responsável por gerar 35% dos microplásticos encontrados nos oceanos. 

Apesar de sua propriedade de poder ser submetido à reciclagem (o que evitaria os impactos associados à extração de petróleo), este não é o destino mais frequente do poliéster, uma vez que apenas 14% do PET presente no mercado mundial é reciclado. E a produção diária continua crescendo nas usinas de petróleo diariamente. 

Papel dos catadores na reciclagem do poliéster

No Brasil, os catadores são atores importantes na reciclagem de materiais como o alumínio. Entretanto, devido a políticas públicas ineficientes e desarticulação do setor, isso não se aplica ao poliéster. 

Em participação no webinar da 4ª edição da Brasil Eco Fashion Week (BEFW) – mediado pelo CEO da Retalhar, Jonas Lessa –  a coordenadora de projetos do aplicativo Cataki, Juliana Fullmann, aponta que a própria lei é um empecilho para a catação de PET. Segundo ela, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) tem suas limitações, já que não inclui o catador autônomo dentro das definições do que é ser um catador de material reciclável. 

Isso faz com que o catador autônomo, importante agente ambiental especialmente nos grandes centros urbanos, não consiga fazer boas negociações – principalmente com garrafas PET, que fazem muito volume e pouco peso – o que acaba inviabilizando o retorno financeiro do poliéster para a categoria e, consequentemente, sua catação. 

Oportunidade para todos

O Brasil é um grande consumidor de poliéster, porém, a reciclagem desse material no País não é significativa. Todos os dias são descartados retalhos em bom estado nas ruas de grandes centros. Esses descartes podem vir a fazer parte da catação e gerar renda, uma vez que, diferente das garrafas PET, têm peso significativo com pouco volume. 

A reciclagem de poliéster é uma oportunidade de geração de renda para os catadores e outros grupos envolvidos nesse processo. Além disso, retornar o material para a cadeia produtiva com logística reversa evitaria os impactos da produção (que continua ativa) e também poderia gerar arrecadação para o setor público e lucro para empresários, sem depender da indústria da moda.

Amazônia, crescimento econômico e benefícios socioambientais podem andar juntos

Crescimento econômico não precisa se dar às custas da destruição do bioma amazônico. Desenvolvimento e conservação podem estar lado a lado.

A Amazônia brasileira tem sido alvo de intenso debate nos últimos meses. Por conta de queimadas e desmatamento intencionais, a perda de biodiversidade e serviços ecossistêmicos é crescente. 

Politicamente, há quem defenda que destruir o bioma é o preço que se paga pelo desenvolvimento. Mas, o que pouco se fala, é que o crescimento da economia e do desmatamento, seja este por corte ou queimada, são inversamente proporcionais. Em outras palavras, isso significa que quanto maior é a taxa de destruição da natureza, menores são os benefícios materiais. E isso é comprovado historicamente.  

Causas e consequências

Impunidade a crimes ambientais, retrocessos políticos, grilagem e atividade agropecuária estão entre as principais motivações das queimadas e do desmatamento da Amazônia. É o que aponta um extenso relatório realizado por um grupo de trabalho conjunto de ONGs e institutos importantes como Greenpeace, WWF e Instituto Socioambiental. 

Além da perda de biodiversidade, a análise mostra que essas práticas aumentam os casos de doenças respiratórias, alteram o clima regional, colocam em risco a produtividade no campo, aumentam o risco de boicote internacional e ainda contribuem com o aumento da emissão de gases do efeito estufa, cuja emissão tem efeito negativo comprovado em estudos sobre o Custo Social do Carbono. Nada disso é convertido em riqueza ou benefícios para a população local e nacional. 

Os municípios da Amazônia estão entre os de menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e IPS (Índice de Progresso Social) do País. As cidades são inchadas, com infraestrutura deficiente, sem empregos de qualidade e com concentração de renda. 

Durante o longo período de 2007 a 2016, todo o desmatamento da região representou somente 0,013% do PIB médio do País. Por outro lado, quando foram adotadas medidas de bloqueio ao desmatamento com a chamada Moratória da Soja, a produtividade local aumentou, pois as áreas já desmatadas e mal utilizadas foram melhor aproveitadas. 

Oportunidades econômicas com benefícios socioambientais

Dados históricos mostram que é possível conciliar conservação ambiental e crescimento econômico. Além da implementação de políticas públicas ambientais efetivas e perenes, como a já mencionada Moratória da Soja, o engajamento de consumidores, empresários e investidores pode fazer a diferença nos esforços de combate ao desmatamento.

Monitorar cadeias de produção que estão ligadas à Amazônia – incluindo os fornecedores indiretos -, intensificar o comprometimento com pautas ambientais e comunicar publicamente os resultados de auditorias são boas práticas empresariais. 

Consumidores e sociedade, por outro lado, podem exigir políticas públicas eficientes e apoiar a produção sustentável, incentivando empresas que incorporam boas práticas socioambientais. Nesse sentido, há boas oportunidades. Um relatório da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), de 2020, mostrou que quase dois terços dos brasileiros estão dispostos a pagar mais caro por “produtos sustentáveis” e que 88% se preocupa com o nível de preservação da floresta amazônica. 

Retalhar mobiliza sociedade civil e outras 20 empresas para combater frio nas ruas

Iniciativa produziu e distribuiu mais de 11 mil cobertores para pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade.

A Retalhar, a população e outras 20 empresas formaram parceria para promover impacto socioambiental positivo em tempos de frio. Além de gerar renda inclusiva para trabalhadores em estado de vulnerabilidade, a ação reaproveitou mais de 14 toneladas de uniformes profissionais, produzindo 11.520 cobertores para pessoas que vivem em situação de rua. 

A Nespresso, SPMar, AB Concessões, Bradesco, Sociedade Esportiva Palmeiras, Ajinomoto, Bodytech, Duquima, Ulma Packaging, Johann Alimentos, SEW, Makro Atacadista, Transjordano, Leroy Merlin, Arcelor Mittal, Wilson Sons, Epiroc, Leccor, Unimed Campinas e Cleanic Ambiental toparam o desafio de fazer a diferença e se uniram à Campanha de Inverno da Retalhar, enquanto pessoas da sociedade civil se engajaram na Campanha Existe Calor em SP, que foi realizada em parceria com o Instituto Ninho Social e com apoio da Cotton Move e Souza & Cambos.

Pessoas e empresas aderiram à Campanha Existe Calor em SP

A iniciativa teve duas frentes importantes. Uma delas contou com a participação de pessoas físicas, que puderam realizar suas doações a partir de R$20,00 por meio da plataforma do Projeto Atalho. A iniciativa levou proteção e acolhimento para pessoas em situação de rua, por meio da distribuição de 478 cobertores feitos a partir da recuperação de resíduos têxteis e 744 máscaras distribuídos para pessoas em situação de rua em São Paulo, itens estes distribuídos pelo Instituto Ninho Social.

A outra partiu de empresas que se engajaram na causa, destinando seus uniformes para a Retalhar reciclar e transformá-los em cobertores populares.

Impacto socioambiental positivo

Além de causar impacto social positivo por meio do combate ao frio nas ruas da cidade de São Paulo e da geração de R$39.899,78  para trabalhadores em situação de vulnerabilidade, a ação resultou em bons frutos para o meio ambiente. 

Mais de quatorze toneladas de uniformes deixaram de ser enviadas para aterros sanitários, evitando que fossem geradas 218,56 toneladas de CO2 equivalente. Para compensar essas emissões de outra forma seria necessário plantar mais de 1.500 árvores.  No final das contas, o volume de aterro poupado (111,36 m³) foi o equivalente a 30 carros populares. 

Como a indústria da moda pode agir para reduzir os GEEs?

Um relatório publicado pela consultoria empresarial americana McKinsey & Company e pela Global Fashion Agenda avaliou os esforços necessários do setor têxtil no combate às mudanças climáticas. Após analisar a cadeia de valor de fazendas e fábricas; marcas e varejistas; formuladores de políticas; investidores e consumidores, a avaliação concluiu que todos os participantes em todas as partes da cadeia têm papel importante na descarbonização. 

Poluição relevante

O setor de têxtil e moda, segundo o relatório, foi responsável por emitir cerca de 2,1 bilhões de toneladas métricas de gases de efeito estufa (GEEs) em 2018, o que equivale a cerca de 4% do total global de emissões. Em outras palavras, isso significa que a indústria da moda emite aproximadamente a mesma quantidade de GEEs por ano que todas as economias da França, Alemanha e Reino Unido juntas.

Tendência de aumento das emissões

Apesar dos esforços para reduzir as emissões, é preciso evitar o aumento de 1,5 grau Celsius para mitigar as mudanças climáticas, segundo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) ratificado no Acordo de Paris de 2015. Para chegar a esse nível, o setor precisaria cortar suas emissões de GEE para 1,1 bilhão de toneladas métricas de CO2 equivalente até 2030. Mas os cálculos de projeção, ajustados para levar em conta os impactos da pandemia de Covid-19, mostram que a indústria tende a ultrapassar quase o dobro da sua meta, com emissões de 2,1 bilhões de toneladas métricas de  CO2 equivalente em 2030, a menos que adote ações relevantes de mitigação. 

Desafios

Um dos desafios que o setor têxtil enfrenta é o aumento nos padrões de consumo, o que pode elevar as emissões de carbono para cerca de 2,7 bilhões de toneladas métricas por ano até 2030. Caso a indústria continue a adotar iniciativas de descarbonização em seu ritmo atual, será possível limitar as emissões em cerca de 2,1 bilhões de toneladas métricas por ano até 2030. Ainda assim, mesmo com esses esforços, as emissões atingiriam quase o dobro do nível máximo necessário para evitar o aumento na temperatura global em 1,5°C. 

Seria preciso intensificar as ações de redução de emissão e aumentar os esforços de descarbonização para reduzir as emissões anuais para 1,1 bilhão de toneladas métricas em 2030. Cerca de 60% da redução de emissão adicional sob este cenário de redução acelerada poderia ser alcançada por meio de iniciativas como melhorias de eficiência energética e uma transição para energia renovável, com o apoio de marcas e varejistas. Outros 18% das emissões poderiam ser economizados por meio de melhorias operacionais por marcas de moda, e outros 21% por meio de mudanças no comportamento do consumidor. Juntos, esses esforços podem remodelar o cenário da moda.

A boa notícia para a indústria têxtil é que muitas das ações necessárias para a redução das emissões podem ser realizadas a um custo modesto. Quase 90% das medidas custariam menos de 50 dólares por tonelada métrica de emissões de GEE reduzidas. 

.

Dado o potencial para atuar como os principais impulsionadores da redução de emissões, as marcas e os varejistas possuem um chamado para colaborar com outras partes da cadeia de valor para investir em benefícios sociais e ambientais de longo prazo. É necessário apoiar os esforços de descarbonização em outras partes do setor e ajudar os consumidores a fazerem escolhas de compra mais sustentáveis.

Ações necessárias

Os fabricantes e produtores de fibra podem reduzir 61% das emissões descarbonizando a produção, fabricação de roupas e processamento de materiais, além de minimizar os resíduos da produção e fabricação. Melhorias na eficiência energética e uma transição do uso de combustíveis fósseis para fontes de energia renovável podem gerar cerca de 1 bilhão de toneladas métricas de redução de emissões em 2030 em toda a cadeia de valor da moda.

As principais contribuições que as marcas podem fazer para a redução de emissões são:

  • Melhorar a mistura de materiais (aumentando uso de fibra reciclada, por exemplo);
  • Aumentar o uso de transporte sustentável;
  • Melhorar as embalagens (com materiais reciclados e mais leves);
  • Descarbonizar as operações de varejo;
  • Minimizar os retornos e reduzir a superprodução. 

Se as marcas seguirem estas medidas, elas poderão atingir 308 milhões de toneladas métricas de redução de CO2 equivalente em 2030.

A adoção de uma abordagem mais consciente no comportamento do consumidor durante o uso, reutilização e escolha por marcas de modelos de negócios sustentáveis podem contribuir com 347 milhões de toneladas de redução de emissões em 2030. A principal alavanca neste esforço é o aumento no número de modelos de negócios circulares, que promovam:

  • Aluguel;
  • Revenda;
  • Reparo e reforma de roupas;
  • Redução na lavagem e secagem; 
  • Aumento na reciclagem e coleta (para reduzir os resíduos enviados a aterros).

Os formuladores de políticas e investidores também têm papéis importantes a desempenhar nesse sentido. Governos e reguladores devem promover práticas sustentáveis ​​e consumo consciente, além de fornecer incentivos para apoiar medidas de descarbonização com alto potencial de redução. Os investidores podem dar sua contribuição incentivando iniciativas de descarbonização, transparência de emissões e inovação com foco na sustentabilidade entre as empresas de seus portfólios.

Compromisso

Acelerar a redução de emissões por meio das ações mencionadas exige compromissos ousados ​​das partes interessadas em toda a cadeia de valor. Esses compromissos precisam ser apoiados por ações igualmente ousadas, maior transparência, maior colaboração e investimento conjunto.

Texto adaptado de relatório realizado pela parceria entre McKinsey & Company e Global Fashion Agenda

Economia circular funciona em qualquer tipo de empresa e beneficia toda sociedade

Incorporar práticas de circularidade é produtivo para empresas e pessoas, principalmente se a iniciativa partir de grandes players do mercado

A incorporação da economia circular pelos mais diversos negócios é uma alternativa viável para empresas, governos e sociedade. Além de possibilitar a conservação dos recursos naturais, sua prática pode melhorar os processos produtivos e proporcionar benefícios socioambientais. 

Economia circular

A economia circular é um conceito baseado na ideia de ciclos. O modelo de circularidade parte do princípio que o sistema industrial deve ser regenerativo. Empresas que procuram  se adequar a esse formato substituem a ideia de “final de vida do produto” pelo conceito de restauração e menor geração de impacto socioambiental.

O modelo econômico circular pode ser implementado em todos os setores produtivos e a nível global. As empresas que a ele aderem podem inserir em seus processos design regenerativo, cradle to cradle (do berço ao berço), ecologia industrial, economia de performance, blue economy, biomimética, entre outros conceitos. A ideia principal é ir além dos limites da economia linear

Modelo linear 

No modelo linear vigente, a organização da sociedade é baseada na extração crescente de recursos naturais. E os produtos feitos a partir desses recursos são utilizados até serem descartados como resíduos. Nessa forma de economia, a maximização do valor dos produtos se dá pela maior quantidade de extração e produção. 

O resultado é o aumento da poluição em suas diversas formas, esgotamento dos recursos naturais, degradação ambiental e mal-estar social. Os resíduos tratados como descarte, por exemplo, podem ser prejudiciais para empresas, pessoas e ambiente. Eles podem vir a demandar mais espaço em aterros, impedindo o uso do local para fins mais nobres; deixam de ser novas matérias-primas que poderiam ser reutilizadas pela empresa e, em decomposição, podem liberar gases que contribuem para a poluição do ar, um problema que agrava as mudanças climáticas e já mata milhares de pessoas por ano no mundo, segundo estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Papel dos grandes players

Na prática, os negócios podem começar a se alinhar aos princípios da economia circular ao incluir o uso de energia renovável, substituir produtos químicos nocivos por alternativas mais limpas e eliminar ou reduzir a geração de resíduos por meio de melhorias no desenho industrial e nos negócios; contratando, por exemplo, serviços prestados por empresas recicladoras. Grandes players do mercado têm um potencial de colaborar com  a economia circular de modo significativo; não só pela escala com que produzem e repetem processos, mas também pela sua influência no mercado, que incentiva outras empresas a adotarem práticas semelhantes.

Doação: solução ou problema?

No post anterior, vimos que toda forma de reaproveitamento de resíduos está de acordo com a legislação, exceto no chamado aproveitamento energético, mais conhecido como coprocessamento ou coincineração. Esta só é uma alternativa válida quando impossível a reutilização ou a reciclagem do material em questão – geralmente quando o uso dos uniformes os deixou contaminados, tornando-os resíduos perigosos. 

Quando se trata do uniforme, então – a camisa que o seu colaborador veste – há outros cuidados a serem tomados. Uma simples busca no google não deixa dúvidas: o descarte irresponsável pode colocar em risco não só os seus clientes, mas também seus colaboradores, patrimônio material e até mesmo a reputação de sua marca. 

Além dos frequentes casos de pessoas mal intencionadas, o buraco é mais embaixo. Pergunte ao responsável pelo marketing de sua empresa como ele se sentiria se viralizasse nas redes sociais um vídeo de um folião desinibido em pleno carnaval usando seus uniformes? O mesmo poderia acontecer com imagens de pessoas trabalhando em condições degradantes, mesmo que sem qualquer tipo de má intenção. Provavelmente essas situações pediriam bastante atenção dos que zelam pela imagem da marca.

“Ok, mas eu doo meus uniformes para uma ONG que descaracteriza antes de vender em um bazar.”

Aí entram as perguntas, sábias companheiras de nossas tomadas de decisão: e depois disso, fazem o quê? O bom doador está sempre seguro sobre esta resposta e tantas outras. Para quem isto é útil? O que farão com isso? Em que quantidade precisam? E se eu doar mais do que precisam, o que será feito? Tudo está em condições adequadas para o uso?

Na Retalhar é comum sermos procurados pelos bazares de ONGs que pedem ajuda por terem recebido um volume gigantesco de uniformes e, sem ter onde colocar, buscam alguém que os receba. Este é um exemplo de caso em que, com a melhor das intenções, o doador acaba terceirizando sua responsabilidade. Por sermos uma empresa – de impacto socioambiental, sim, mas ainda uma empresa – nós prestamos este serviço: destinação segura e correta de todos os seus uniformes. Não podemos aceitar doação, já que temos um compromisso com todos os nossos clientes de que seus uniformes serão integralmente descaracterizados antes de qualquer reaproveitamento, e isso representa, naturalmente, um custo, além de diversos aspectos técnicos e do mercado que tornam esse tema ainda mais complexo. Nossa estrutura foi montada para sermos o destino dos seus uniformes.

Doação: há algo além da boa ação

Falando em terceirização de responsabilidade, aqui e aqui você poderá ver um pouco mais a fundo como este tipo de situação afeta pessoas e ecossistemas mundo afora. É uma situação extremamente relevante e que requer a atenção de toda a sociedade para compreender como nossos impulsos e desperdícios afetam todo o planeta. Se for doar, que não seja para “se livrar” e sim para contribuir com o próximo – nem mais nem menos!